quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Vc" escreve "axxihm" ou "assim"?


José Saramago, há algumas semanas, andou dizendo que as pessoas estão cada vez mais "preguiçosas" para escrever. Essa afirmação ele fez depois de ser questionado por um jornalista se faria um perfil no Twitter, site que ficou conhecido por, além de outras coisas, permitir que seus usuários se comuniquem por (apenas) 140 caracteres, forçando-os a serem estremamente objetivos no que dizem. Será que ele não está exagerando? Eu sei que discordar de Saramago não é uma coisa muito inteligente a se fazer, ainda mais sendo um jornalista "em formação", mas alguém tinha que tentar, não?! E, que me perdoem os fãs do escritor, mas eu serei esse a tentar!!

A internet, desde seu surgimento há 20 anos, vem transformando a maneira como nos comunicamos. Prova disso são os vários "dialetos" que andam surgindo atualmente, como o "miguxês" e o já tão famoso "internetês". Esses "dialetos" também ficaram famosos por outro motivo. Eles simplesmente criaram uma nova vertente do português, em que as regras gramaticais não existem e qualquer um pode escrever do jeito que bem entender. Mas existem algumas peculiaridades entre esses dois exemplos citados. O "miguxês" preza pelo excesso de letras nas palavras (miguxxxxho, só pra citar uma), enquanto o "internetês" segue pelo caminho inverso: o corte de algumas letras (caso do "vc", que, até pouco tempo atrás era 'você").

Mas, isso não é exclusivamente culpa da internet. O próprio "você", por exemplo, há muito tempo era bem maior: "vossa mercê". Com o passar do tempo, a palavra foi sendo encurtada, até chegar na forma que usamos hoje em dia ("você"). Se você levar em conta que a "harpanet" (a vovó da atual internet) só surgiu muitos anos depois, pode constatar que essa prática de encurtar as palavras e as mensagens é bem mais antiga. Em outras palavras, esse fator é mais cultural do que situacional (nesse caso, essa prática não começou depois da internet).

E o que leva as pessoas a fazerem isso com nossa língua? Não sei ao certo, mas creio que essas coisas acontecem para facilitar a comunicação, seja ela pessoal ou não. No caso da internet, por exemplo, esses "cortes" acontecem principalmente no "Messenger", um programa que pede uma certa velocidade nas conversas, para que elas pareçam pessoais. Imagine só quanto tempo você ficaria digitando se fosse escrever todas as palavras como elas realmente são! Por isso, em nome da dinamicidade, ocorrem essas "atrocidades". Claro, não podemos esquecer que a preguiça de alguns também conta, mas num mar de dinamismo, esses acabam virando pequenas "marolinhas".

Aí chegamos ao ponto que Saramago, provavelmente, estava criticando. As pessoas, ultimamente, andam trazendo ao mundo real uma coisa que deveria ficar restrita à internet. Não é mais tão difícil encontrar redações de vestibular, ou de colégio, com palavras escritas como se escreve num bate papo pelo MSN. Isso não se restringe apenas ao texto feito à mão. O efeito também se espalhou na própria internet. O "efeito Twitter" está prejudicando seriamente os usuários que gostam de escrever textos mais longos em blogs, por exemplo. Como todos estão se acostumando a ler os "140 caracteres", a paciência para ler algo com mais caracteres que isso não existe mais. Por essa razão, creio eu, os "blogueiros" e "escritores com mais paciência para escrever" estão se readequando à essa nova realidade. Basta dar uma olhada em volta e contar quantos blogs ainda tem textos do mesmo tamanho desse que você lê agora. O que se vê por aí é um punhado de textos curtos, concisos e objetivos. Em outras palavras, de leitura rápida.

Certo. Esse era o objetivo da internet desde o início, mas ninguém previa que a coisa fosse chegar a esse ponto. Nosso país já tem a fama de ter um número ridículo de leitores. E agora, depois da febre "Twitter", a coisa só piora.

Mas é justamente aí que eu discordo de Saramago. Nós não "estamos caminhando para o monossílabo" (parafraseando o "A Cidade e Eu"). Quer dizer, nós até estamos, mas numa velocidade baixa. Ainda existem leitores que gostam de um bom texto. Não que um texto pequeno não possa ser bom, mas o negócio é que a grande maioria deles tem mais de 140 caracteres. Também existem leitores que gostam de ficar horas e mais horas lendo um único texto. Assim como ainda existem aqueles que gostam de falar corretamente a nossa língua, do jeito que ela está escrita na gramática. Impressiona o fato de que as pessoas se espantarem e até ridicularizem aqueles que são "prolíxos", mas, para a felicidade geral, esse grupo é pequeno.

Creio eu que, por conta desses bravos usuários da língua, que fazem questão de jogar dentro das regras, o monossílabo vai continuar sendo uma distante realidade. Os sites que todos criticam por "obrigar" o usuário a desenvolver pouco sua escrita e leitura são originários da terra do "uncle Sam", onde todo mundo fala inglês (vamos todos fazer um sonoro "Ohhhhh). E não é segredo para ninguém que o inglês é uma língua extremamente "curta e rápida', não deixando muito espaço para desenvolver as ideias. Esse espaço, pelo contrário, existe no português. Na tentativa de adaptar nosso hábito de escrita ao deles, nossa língua acabou sendo lapidada. Mas nada que venha a provocar pânico geral. Não sei se daqui a alguns anos eu terei de mudar de ideia, mas, por hora, é assim que eu penso. Só espero não estar mordendo a língua.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Outside vol.1

COMO É UMA REUNIÃO DA DIRETORIA DA GLOBO?

Ora veja só, uma nova coluna aqui no DGP! Como a "Herrar é umano" não estava mais sendo suficiente para mostrar os vídeos que eu ando assistindo na internet, resolvi criar a "Outside" que, pelo nome, você já deve ter percebido que não vai tratar exatamente de comunicação. Aliás, até vai, mas sem destacar erros de ninguém. Aqui só vão aparecer coisas, digamos, interessantes.

Pra começar, um vídeo bacana que mostra o que pode ter acontecido numa das reuniões da alta cúpula da Rede Globo depois da derrota sofrida pelo "No Limite" para o final de "A Fazenda", quando o programa de Zeca Camargo perdeu de 31 a 9 para a emissora do Edir Macedo, lá em agosto.

O autor do vídeo fez uma pequena "brincadeira" com o filme "A Queda: as Últimas horas de Hitler" e criou "A Queda: as últimas horas da Globo". A cena que você vai assitir agora se passa algum tempo depois da vitória da Record no ibope:



E fiquem atentos que em breve outros vídeos vão surgir nessa "nova" coluna... que nada mais é do que a "Herrar é Umano" com outro nome, hehe. (É, de vez em quando minha criatividade me deixa na mão.)

Vídeo by Valdemar Marcelo

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

(um estranho) "Show da Fé" !

"Olha as emissoras que eu arrendei!"

Tem alguma coisa errada acontecendo com a nossa TV. De uns tempos para cá está acontecendo uma verdadeira invasão evangélica em todos os horários possíveis, não só naqueles em que ninguém está assistindo televisão. Antigamente, a responsável por esse "boom" televisivo das igrejas atendia pelo nome de "Igreja Universal", liderada por (advinha) Edir Macedo, hoje dono da Rede Record. Atualmente, estamos passando por tudo isso de novo, mas com uma voracidade muito maior, e com um novo nome para nos preocuparmos: Valdemiro Santiago, fundador da "Igreja Mundial" (percebeu alguma semelhança?)

Se antes a IURD alugava alguns horários nas emissoras, agora a IM está arrendando a programação inteira de várias emissoras em todo o país. Os dois casos mais famosos são o da "Rede 21", do Grupo Bandeirantes, que teve sua programação arrendada depois do "escândalo" Play TV, e o da TV Alagoas, ex-afiliada do SBT aqui no estado. Alegando dificuldades financeiras e pouco apoio do governo estadual, que quase não veinculava comerciais na sua programação, a família Sampaio, dona da emissora, achou por bem aceitar a proposta do pastor Valdemiro e arrendar a programação. Mas, diferente do que aconteceu na Rede 21, a Tv Alagoas ainda produz dois programas locais: o policial "Plantão Alagoas" e a revista eletrônica "Cotidiano". Além disso, a IM ainda aluga horários em outras emissoras, como a Band e a Rede TV!, em São Paulo, e a (endividada) CNT, no Paraná.

Aliás, a situação no Paraná é a mais estranha. Além de transmitir a programação da IM, a CNT tem acordo de transmissão com a igreja do R.R. Soares, que se mostrou extremamente incomodado com essa história, ameaçando deixar a emissora caso o pastor Valdemiro dê as caras por lá.

Outro que está se incomodando com essa história é o SBT que, na pessoa de Gulherme Stolliar, um de seus diretores, encaminhou reclamação (pessoalmente) ao Ministro das Comunicações, Hélio Costa. O diretor entregou ao ministro uma relação com emissoras que foram arrendadas ou são controladas por igrejas evangélicas, alegando que, de acordo com o decreto 52.795/1963, as emissoras não podem por à venda mais de 25% de seus espaços (só para efeito de comparação, a Universal ocupa 21% da programação da Record). Além disso, o que também está irritando a diretoria da emissora do patrão é o alto número de emissoras de sua rede que estão sendo compradas por emissoras ligadas a algum segmento religioso ou por emissoras totalmente religiosas, como foi o caso da Tv Alagoas. Aliás, a direção do SBT disse que vai lutar até a última instância para que a tv da família Sampaio volte a transmitir sua programação (mas eles também sabem que vai ser MUITO difícil...).

Alguns estudiosos de religião dizem que a IM é um dos "maiores fenômenos religiosos em curso no nosso país", o que só pode ser comparado à IURD, nos anos 90. Tá, pode até ser, mas já está começando a incomodar o público. Não o público que assiste a esse tipo de programação e sim o que gosta de sua programação como sempre foi: VARIADA! É incrível como esses programas religiosos são todos iguais. O que muda é o método de conseguir prender sua atenção. Enquanto umas tentam te pegar no seu ponto fraco (se seu emocional estiver abalado), outras tentam impressionar usando o "oculto" e o "sobrenatural" (sessão do Descarrego!!), às vezes abusando do sensacionalismo (não vou nem discutir a veracidade de algumas manifestações...).

O problema não está exatamente na mensagem que esses programas/pastores/igrejas transmitem. Muito pelo contrário. O negócio pega quando eles resolvem acabar com nossa liberdade de escolha. Não entendeu? Eu explico: o programa do pastor Valdemiro entra EM REDE todos os dias. O que isso quer dizer? Simples. Se você ligar na Tv Alagoas, vai vê-lo. Se resolver mudar de canal e colocar na Band, também vai vê-lo. Se mudar para a Rede TV!... surpresa, ele de novo! Percebeu? Se você gosta(va) de algum programa que passava naquele horário, esqueça. O negócio é mudar de canal. Mas aí aparece outro problema: mudar pra que canal, já que todos estão transmitindo o pastor ou algum programa no mesmo estilo, sempre no mesmo horário??

É nesse ponto que eu concordo com Gulherme Stolliar. A coisa está fora de controle. E acaba criando um problema ainda maior. Como todo mundo sabe, manter um programa não é algo barato. Agora me responda: como as igrejas conseguem alugar tantos horários em tantas emissoras diferentes, mantendo um número considerável de profissionais para a transmissão e usando instalações próprias (dizem que o pastor Valdemiro tem a réplica de uma montanha num de seus estúdios), além de ter que alugar um satélite pra transmitir toda a programação ao vivo? Bem... coitados dos fiéis... são sócios majoritários de emissoras e mais emissoras e não sabem.

Mas como tudo tem um lado bom, talvez, com essa história toda, a população comece a fazer o que a MTV sempre prega: "Desliga a TV e vá ler um livro!" Ah, e parafraseando um comentário que foi postado aqui há algum tempo, estamos vivendo uma verdadeira "Guerra-Santa" televisionada! Literalmente.

E antes de terminar esse post, segue uma sugestão pra deixar os programas dos pastores mais, digamos, interessantes: o pastor "Street Fighter"!




domingo, 13 de setembro de 2009

Exceção à regra! (versão revista)

Parece uma luta desigual, não?!

"Games não podem ser considerados arte." Essa frase é dita de boca cheia por aqueles que não curtem muito os jogos de vídeo (em bom português). Se Adorno estivesse vivo nos dias de hoje, acho que ele partilharia da mesma opinião, já que ele era um verdadeiro crítico da indústria cultural, que, diga-se de passagem, já engloba a indústria dos games. Por um lado ele até teria razão, pois as produtoras estão priorizando as idéias já prontas (pare e pense quantos games iguais a GTA você já viu até hoje) e deixando de lado a originalidade, terminando de enterrar o status de arte que os jogos podem carregar.

Felizmente existem aqueles produtores que fogem à regra, colocando suas idéias "malucas" à prova e mostrando que numa indústria tão pouco diversificada como a dos games ainda é possível encontrar um meio termo e incluir um pouco de arte em suas criações. Exemplos disso não faltam. Basta pensar em gênios como o criador de "REZ" e "Luminies", Tetsuya Mizuguchi, ou o criador do Mario, Shigeru Miyamoto (coincidência os dois serem japoneses, hein?!). Mas há dois em especial que conseguiram a façanha de elevar suas duas únicas criações ao status de arte, deixando gamers e críticos de boca aberta (e reacendendo a discussão sobre a arte nos games).

Eu estou falando de Kenji Kaido e Fumito Ueda (foto), produtor e líder de design, respectivamente, de um dos maiores games da história do PlayStation 2: "Shadow of the Colossus" (as imagens que ilustram esse texto são desse jogo). É incrível como o irmão espiritual de "ICO" conseguiu mostrar que é possível sim aliar um bom game, uma ótima direção de arte, uma trilha sonora de respeito (que, diga-se de passagem, beira a perfeição!) e um roteiro de primeira.


Aliás, o maior ponto forte de "Shadow" é seu enredo: uma das histórias mais subjetivas dos videogames. Assim que ligamos o jogo, somos apresentados a Wander, o herói, que está fugindo de não se sabe o que com uma garota, aparentemente morta, em cima de sua égua, Agro. Depois de certo tempo correndo, Wander vai parar nas "Terras Proibidas", um lugar inóspito, praticamente abandonado e perdido no tempo. No centro dessas terras encontra-se um templo. Lá ele é atacado por sombras, mas por possuir a "Ancient Sword" (previamente roubada de Lorde Emom), elas não conseguem atacá-lo. Demonstrando uma certa surpresa, uma entidade chamada Dormim surge (a voz dela, no caso). Wander pede que ela devolva a alma de Mono ao seu corpo. Dormim diz que isso é possível, mas somente se o herói destruir cada um dos 16 "Colossus" que vivem nessas terras. A voz ainda alerta que essa busca por essas criaturas vai cobrar um preço alto de Wander, mas ele parte mesmo assim, munido da espada e de seu arco e flecha.

O templo. Mono está naquele altar.

À medida que vai destruindo os monstros, a aparência de Wander vai se deteriorando: a sua pele fica mais pálida, o seu cabelo mais escuro, cicatrizes escuras crescem em seu rosto e há até um aparente crescimento de chifres em sua cabeça. Por outro lado, a aparência de Mono só melhora. Perto do fim do jogo, Wander sofre um golpe muito duro, tendo que abandonar sua fiel companheira Agro e enfrentar o 16° Colosso sozinho. Lá no fim do jogo mesmo, uma outra coisa completamente inesperada acontece, deixando os jogadores com mais pena ainda do protagonista e dos "Colossus". (a última cena do jogo é simplesmente matadora... apesar de nos deixar com uma interrogação gigantesca na cabeça)

O tamanho dos Colossus pode passar a impressão de que Wander não vai conseguir destruí-los.

Sim, você leu certo. "Pena" é um dos sentimentos que você mais sente durante o jogo. Cada Colosso morre de uma maneira tão triste que você começa a se perguntar se aquilo é realmente necessário. Poxa, nós não sabemos o que a garota representa para o heroi. E além disso, fica a sensação de que Wander está sendo extremamente egoísta, pois os "Colossus" não fizeram nada a ele. Além disso, fica claro que a alma da garota não está nos monstros. O que está preso neles são (SPOILER!!) pedaços da alma de Dormim, a entidade, que, acredita-se, fez o acordo de devolver a alma da garota pra conseguir a sua própria de volta. Ou seja, por mais nobre e bela que seja a intenção do heroi, nós, jogadores, estamos destruindo essas criaturas por motivos que não são nossos, nos levando a pensar se certas buscas realmente valem a pena. Volto a afirmar: as cenas das quedas dos "Colossus" são muito dramáticas, carregadas de um apelo tão forte que você se sente culpado por aquilo (é sério!). É incrível ver criaturas tão grandiosas (algumas mal cabem na tela da TV) caindo tão sem defesa, como se fossem seres humanos que lutaram até as últimas forças.

Surpreendente o que um simples game pode fazer com a sua cabeça. Adorno (voltando ao assunto inicial) dizia que a arte oriunda da indústria cultural não serve pra nada, pois já traz tudo "mastigado" para o grande público. Com isso, a "massa" não teria trabalho nenhum para entender a mensagem passada por uma expressão artística. Claro, existem aqueles que tentam de todas as maneiras possíveis escapar dessa imagem, fazendo valer as suas idéias. Mas esses ficam restritos a pequenos grupos de aficionados. Mas, depois de conhecer (e terminar) "SotC", posso dizer sem medo de errar: toda regra tem SIM sua exceção. Os games são feitos para atingir o maior número de pessoas possível. Com Shadow a coisa não foi diferente. Mas o que marcou o jogo foi sua ousada iniciativa de fazer brotar nas mentes dos jogadores algum tipo de sentimento, alguma coisa pra pensar. Ora, não é justamente a falta disso que Adorno tanto critica na Indústria Cultural? Pois bem... aposto que ele mudaria de ideia se tivesse jogado Shadow of the Colossus. Se você ainda não jogou, faça um favor a si mesmo e jogue. Depois me diga se eu estou exagerando ou não! (ah, e surpreenda-se com o que o "vovô" PS2 pode fazer... continuo impressionado até hoje!)

Arte oficial do jogo. Todas as outras imagens foram cenas "in game".

Fonte: Wikipedia

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Herrar é umano" #EXTRA!!!

Antes de passar, certifique-se de que a porta está aberta...

Não é nada comum uma edição do "Herrar é umano" ser postada no meio da semana, ainda mais tão próxima de uma outra, mas esse vídeo me fez mudar de ideia. Eu não aguentaria segurá-lo até o fim de semana. Então pela primeira vez, um vídeo para o "H.U." vai ser postado um dia depois de ter sido descoberto!

Navegando pela web, dei uma olhada no site "Kibe Loco" e encontrei essa cena estranha (e engraçada ao mesmo tempo!). Entenda a situação: Mullah Katl Ud Din, um estudante paquistanês de engenharia (guarde essa informação) estava querendo ir pra casa depois de ter suas aulas. (aliás, de acordo com as legendas do vídeo, ele estava "gazeando" uma aula...) Até aí problema nenhum. O negócio é que a porta da universidade era uma daquelas portas que abrem quando você chega perto (ou, em bom português, era uma porta automática). Muito provavelmente, esqueceram de avisar isso pro Mullah, que acabou, involuntariamente, protagonizando uma das cenas mais engraçadas que eu já vi!! Dê uma olhada e veja se não é, no mínimo, hilário (e o melhor, não tem nada a ver com comunicação... quer dizer, tem, mas a falta dela. Na próxima, colocam uma placa ao lado da porta: "Espere abrir para poder passar!"):



Coitado... o mais curioso dessa história é que Mullah é estudante de engenharia... mas tudo bem, Ana Maria Braga é formada em biologia e disse que a castanha era animal... tá tudo em casa!!

Video by "KaptaanHindustan" (a música no vídeo se chama "the automatic door", de Anton Barbeau).

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Brasileiros e brasileiras (...)"

Isso é que é um povo patriota, hein!?

Nessa segunda-feira, 7, a independência de nosso país completou 187 anos! Se levarmos em conta o fato de que fomos descobertos em 1500, chegamos à conclusão de que não faz muito tempo que estamos "independentes" de nossos irmãos (de quem mesmo?) portugueses. Por coincidência, no dia anterior, 6, a seleção canarinho derrotou nossos hermanos (que família grande, hein?!) argentinos por 3 a 1, garantindo uma vaga na copa do ano que vem e mandando Maradonna, sua trupe e sua "água benta" de volta pra casa mais cedo (e sem direito a ir pra copa!!!). O país, como era de se esperar, virou uma grande festa (nós ganhamos da Argentina, uai!!!!!).

Nessas horas, o patriotismo do brasileiro resolve aparecer. Desde "vestir" a bandeira até andar o dia inteiro com a camisa da seleção: tudo vale na hora de mostrar a felicidade pela vitória (se for da Argentina, adicione mais 2 pontos). Mas aí chegamos num ponto interessante. Por que será que o brasileiro só mostra patriotismo quando isso envolve futebol?

Vamos parar pra analisar. Nossos brothers americanos (é tudo família também) adoram o 4 de julho, data de sua independência. Na ocasião, ocorrem shows pirotécnicos, bandeirinhas do país são colocadas nas portas das casas e as pessoas não perdem uma única oportunidade de sair às ruas cantando o hino nacional ("Oh, say, can you see, by the dawn's early light [...]"). E aqui no Brasil? Bem, geralmente as escolas fazem alguma coisinha, tipo "vamos pintar um desenho da bandeira", os cidadãos são convidados a visitar o museu (sim, aquele museu) e um ou outro se arrisca a cantar o hino nacional (a última a tentar foi a Vanusa... viu no que deu, né?!). Além disso, diferente dos americanos, nós, brasileiros, quase não sabemos nada sobre a nossa história. Prova disso é que a maior parte das pessoas só sabe que nosso país já passou dos 500 anos por causa da mega-campanha feita em cima disso pela Globo e o governo no ano 2000. Até réplica de caravela foi feita.

Mas, qual a diferença entre os americanos e nós, tupiniquins? Não sei. Só sei que nosso povo não é nada patriota. Nas escolas não se canta o hino nacional e nem se asteia a bandeira (apesar de só ter 19 anos, ainda peguei parte disso). Na época, eu achava tudo isso muito chato. Como todo mundo sabe, nosso hino é enorme! Além disso, Francisco Manuel da Silva, o homem que fez a melodia, deixou a coisa tão cadenciada (quadrada) que levava uma verdadeira eternidade pra cantá-lo inteiro. Antes que alguém resolva jogar uma pedra na minha cabeça por causa das coisas que eu disse (o nosso hino é o mais bonito do mundo!!), devo lembrar que isso era o que eu pensava quando tinha 10 anos de idade. Hoje, penso totalmente diferente. Se fosse um hábito comum cantar o hino nacional nas escolas, com certeza o povo não passaria vergonha na hora de cantá-lo (Vanusa...). Se a situação do hino nacional não é das melhores, imagine então a do nosso hino n°2: o da independência. São pouquíssimos aqueles que conseguem cantar inteiro o hino composto por D. Pedro I, em 1821, e depois "reescrito" (remix? Vanusa!) por Evaristo da Veiga em 1922.

O pior dessa história toda: sabe aquele ditado que diz "é rir pra não chorar"? Pois bem, ele se aplica perfeitamente à essa situação. Hoje em dia, faz-se muita piada em cima do fato de que o povo não sabe cantar os hinos (exceção feita aos hinos de futebol e os das igrejas). Programas exploram isso, fazendo consursos para ver quem sabe cantar pelo menos uma parte deles. Outros, quando questionados por equipes de reportagem, ficam rindo de sua ignorância. E também tem aqueles corajosos o suficiente pra cantar do jeito que sabem (Vanusa...). E, como "desgraça pouca é bobagem", aqueles que sabem cantar algum dos hinos do começo ao fim (modéstia à parte, eu sei o nacional inteiro =D) são vistos com um espanto gigantesco, como se fossem seres fantásticos (ou nerds.). Claro, se gabar disso é até legal, mas não era pra ser assim. Todo mundo deveria saber cantar.

Deve ser por isso que o senador Aluízio Mercadante (PT-SP) está tentando emplacar uma nova lei, que obriga todas as escolas do país a cantar o hino nacional pelo menos uma vez por semana. Espero, sinceramente, que essa lei pegue (e que não aconteça o mesmo que aconteceu com a lei-seca... aliás, que lei é essa mesmo?) rapidamente. Só assim, no futuro, nós, jornalistas, vamos parar as pessoas na rua para cantar o hino no 7 de setembro e elas vão realmente cantá-lo, sem fazer a coisa toda virar uma comédia pastelão! Aliás, espero que essa lei valha para os outros hinos também! Se bem que... pra que tanto hino, né!?

Ah, e pra vocês aí do fundão que não sabem o Hino da Independência, cá está (vê se decora!!):
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/pais/simbolos_hinos/hinos/Letra_indep/

P.S.: alguém notou a referência no título do post?


sábado, 5 de setembro de 2009

"Herrar é umano" #5

Só abra a boca quando tiver certeza!!

Muito bem, a partir de hoje, o "herrar é umano" sai do campo do jornalismo pra navegar por uma área mais abrangente.
Já que não é só no jornalismo que se cometem gafes, não é verdade?

Pra começar essa nova fase, vou apresentar uma gafe que muitos vão achar meio bobinha. E é mesmo, mas, como nossa personagem teve tempo pra pensar no que iria dizer, ganha um passe para o H.U.

Na semana passada, durante o programa "Mais Você", da Rede Globo, Ana Maria Braga (formada em biologia) estava ensinando uma receita de Bolo de Castanha do Pará para suas telespectadoras. Até aí nada errado. O problema apareceu quando Ana Maria resolveu mostrar seus "conhecimentos", indicando a que reino a castanha pertencia. Mas aí você diz "ela é formada em biologia. Nada mais natural que ela dar uma aula para seus telespectadores.". É... pode ser... mas dá uma olhada:



Sim, aposto que você não sabia que a Castanha do Pará é um animal. Surpreendente, não?! Mas, como eu disse, esse é um errinho tipo 1, ou seja, nada grave... claro, ela pensou (e titubeou) antes de falar, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ou será que tem?!

Video by www.doisespressos.wordpress.com

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nós, os focas.


Ser "foca" deve ser engraçado...

“O foca sempre entra numa fria”, “aprende rápido a realizar pequenas tarefas em troca de poucas sardinhas”, “fica boiando o tempo todo”, “ele tem um ar puro, inocente”. Essas palavras foram ditas por Tião Gomes Pinto, diretor de redação da Revista Imprensa. Apesar de engraçadas, elas refletem exatamente como deve ser a vida de um jornalista novato, que é, "carinhosamente", chamado de "foca".

Qual o porquê desse "nome"? Bem, isso Valdir Sanches explicou no blog dos estudantes de jornalismo da PUC: "(...)Outro bicho, este marcante no jargão do jornalismo é a foca. Na verdade, "o" foca. Jornalista novo, inexperiente. Um foca. Consta que o apelido vem dos remotos tempos do flash a magnésio. Os fotógrafos dos jornais preparavam suas máquinas: focavam e deixavam o obturador (uma pequena "janela") aberto. Quando todos estavam prontos, alguém riscava um fósforo numa placa de magnésio e ela "explodia" [!!] num clarão. Essa luz passava pelo obturador aberto e impressionava a chapa, o avô do filme [N.E.: bota avô nisso...]. Ocorre que alguns fotógrafos, inexperientes, demoravam para preparar a máquina - e atrasavam os outros. "Péra aí, estou focando." E os outros: "Foca logo, caramba." E mais tarde... "Ih, lá vem o foca". No final do texto, Sanches lembra que essa é a história que ele vende porque foi essa que ele comprou...

Independente de qual seja a origem do termo, eu, sendo um foca "em formação" (isso existe?), posso dizer, ou melhor, imaginar como deve ser a vida de um jornalista novato dentro de uma redação de um jornal qualquer.

A primeira coisa que o "foca" deve sentir ao entrar na redação é um deslumbramento sem tamanho. Ver aquele monte de gente indo pra lá e pra cá, a busca desenfreada pela informação, a gritaria (sei que isso já não é tão comum hoje em dia, mas nunca se sabe...), gente importante dando as caras de vez em quando e o reconhecimento... ah, esse é o desejo secreto de todo jornalista: ser reconhecido na rua, ganhar prêmios, entrar para o "Hall da Fama" do jornalismo. Legal, não?! Mas, vá por mim caro futuro colega... as coisas são um pouquinho diferentes... mas só um pouquinho.

Voltando àquelas frases do início do post, chega-se a uma conclusão muito simples: vida de "foca" é uma aventura. Sem exageiro nenhum. Além de ser o mais corajoso do bando, o "foca" deve ter um certo desapego de sua vida pessoal. Não entendeu? Simples. Por ser um novato na coisa, um foca quase nunca consegue um emprego fixo num lugar. Sem a carteira assinada, o que resta? Freelas! Fazer freelance é o que há para quem está começando. Um freelancer é aquele que não perde uma única oportunidade de escrever. Mesmo que as redações vivam cheias de gente, sempre surgem matérias que o pessoal "da casa" não pode assumir. São essas que vão parar nas mãos dos "caçadores de matérias da arca perdida". E, como uma "freelada" só não faz verão (ou seja, não dá tanto $$ assim), os "foquinhas" geralmente escrevem vários textos para vários veículos, o que demanda um tempo imenso, arrancando de você uma das únicas coisas que uma pessoa ainda pode se orgulhar: a vida pessoal. Por isso o desapego, entendeu??

Outra coisa que os "focas" aprendem na marra é como funciona uma redação e como sobreviver (não enlouquecer é o termo certo) dentro do jogo de interesses que acontece nesses locais. Assim como as focas reais têm de correr das baleias para não virar almoço, os "focas" têm de se virar para não serem engolidos por outros "focas" (canibalismo...). Como esse negócio é muito concorrido, se você dormir no ponto vem alguém e "NHAC", te engole e pega seu lugar. Mas isso é normal, pois a tal da concorrência está aí, mas, se o "foca" não estiver ligado... ou melhor, se ele ficar boiando por muito tempo e não aprender a nadar contra e a favor da corrente, ele dança... e pode até ser uma "dança no gelo"... sacou? Gelo... foca... enfim.

Outra coisa, que vem na cola dessa no parágrafo anterior, é uma lição simples: o "foca" tem que se ligar na malandragem da profissão. A vida de um jornalista é cheia de macetes (antes que alguém pergunte, eu ainda não conheço nenhum... esse é o tipo de coisa que só se aprende com o tempo), e esses macetes podem te levar longe na profissão. Alguns deles exigem uma leve dose de maldade, por isso não adianta ser o "super bonzinho" o tempo todo. Não confundam (por favor) maldade com mau-caratismo ou falta de ética. Essas são coisas totalmente diferentes. O que eu quero dizer é que um bom jornalista sempre tem um pouco de ginga pra conseguir suas pautas (que podem ser muito "cabeludas") e sempre tem uma carta na manga. Foi isso que levou José Roberto de Alencar (jornalista e autor do livro "Sorte e Arte") tão longe na profissão, conseguindo, diga-se de passagem, vários "furos" e "primeiras páginas". Vá por mim, vale a pena ouvir uma pessoa que conseguiu um furo numa revista de química. Como diria o patrão: "Isso é incrível!"

Ah, e uma última coisa antes de concluir. Graças a Gilmar Mendes, os focas que resolveram dar as caras no mundo do jornalismo nesse ano já começaram entrando numa fria: a obrigatoriedade do diploma foi pro espaço!

Focas do Brasil, uni-vos! Mesmo que o "mar não esteja pra peixe", podemos sim fazer a diferença nessa profissão tão nobre. O jornalismo é uma arte. E como tudo na vida tem seus altos e baixos. Por isso, mesmo com todas as dificuldades que vão aparecer pela frente (aliás, elas andam aparecendo com uma frequência muito grande ultimamente), temos que continuar. E, se quisermos deixar nossa marca, temos de "botar nossa mola" (como se diz aqui em Alagoas) e mostrar que somos bons, pois, nesse mundo em que o maior tenta engolir o menor, só os fortes sobrevivem (três frases clichês no mesmo parágrafo? Legal...). Mas, cá entre nós, espero não ser foca por muito tempo... deve ser uma coisa muito tensa! =D

PS.: No livro "Sorte e Arte", José Roberto de Alencar fala sobre como conseguiu alguns dos "furos" de reportagem em sua carreira. Muito interessante esse livro... acredite em mim: você não faz ideia das coisas que ele fez em busca da primeira página... aliás, em busca do topo da primeira página, a área nobre de um jornal!


Fonte: blogs "A gente é foca, baby" e "Focas do meu Brasil".