terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Brasileiros e brasileiras (...)"

Isso é que é um povo patriota, hein!?

Nessa segunda-feira, 7, a independência de nosso país completou 187 anos! Se levarmos em conta o fato de que fomos descobertos em 1500, chegamos à conclusão de que não faz muito tempo que estamos "independentes" de nossos irmãos (de quem mesmo?) portugueses. Por coincidência, no dia anterior, 6, a seleção canarinho derrotou nossos hermanos (que família grande, hein?!) argentinos por 3 a 1, garantindo uma vaga na copa do ano que vem e mandando Maradonna, sua trupe e sua "água benta" de volta pra casa mais cedo (e sem direito a ir pra copa!!!). O país, como era de se esperar, virou uma grande festa (nós ganhamos da Argentina, uai!!!!!).

Nessas horas, o patriotismo do brasileiro resolve aparecer. Desde "vestir" a bandeira até andar o dia inteiro com a camisa da seleção: tudo vale na hora de mostrar a felicidade pela vitória (se for da Argentina, adicione mais 2 pontos). Mas aí chegamos num ponto interessante. Por que será que o brasileiro só mostra patriotismo quando isso envolve futebol?

Vamos parar pra analisar. Nossos brothers americanos (é tudo família também) adoram o 4 de julho, data de sua independência. Na ocasião, ocorrem shows pirotécnicos, bandeirinhas do país são colocadas nas portas das casas e as pessoas não perdem uma única oportunidade de sair às ruas cantando o hino nacional ("Oh, say, can you see, by the dawn's early light [...]"). E aqui no Brasil? Bem, geralmente as escolas fazem alguma coisinha, tipo "vamos pintar um desenho da bandeira", os cidadãos são convidados a visitar o museu (sim, aquele museu) e um ou outro se arrisca a cantar o hino nacional (a última a tentar foi a Vanusa... viu no que deu, né?!). Além disso, diferente dos americanos, nós, brasileiros, quase não sabemos nada sobre a nossa história. Prova disso é que a maior parte das pessoas só sabe que nosso país já passou dos 500 anos por causa da mega-campanha feita em cima disso pela Globo e o governo no ano 2000. Até réplica de caravela foi feita.

Mas, qual a diferença entre os americanos e nós, tupiniquins? Não sei. Só sei que nosso povo não é nada patriota. Nas escolas não se canta o hino nacional e nem se asteia a bandeira (apesar de só ter 19 anos, ainda peguei parte disso). Na época, eu achava tudo isso muito chato. Como todo mundo sabe, nosso hino é enorme! Além disso, Francisco Manuel da Silva, o homem que fez a melodia, deixou a coisa tão cadenciada (quadrada) que levava uma verdadeira eternidade pra cantá-lo inteiro. Antes que alguém resolva jogar uma pedra na minha cabeça por causa das coisas que eu disse (o nosso hino é o mais bonito do mundo!!), devo lembrar que isso era o que eu pensava quando tinha 10 anos de idade. Hoje, penso totalmente diferente. Se fosse um hábito comum cantar o hino nacional nas escolas, com certeza o povo não passaria vergonha na hora de cantá-lo (Vanusa...). Se a situação do hino nacional não é das melhores, imagine então a do nosso hino n°2: o da independência. São pouquíssimos aqueles que conseguem cantar inteiro o hino composto por D. Pedro I, em 1821, e depois "reescrito" (remix? Vanusa!) por Evaristo da Veiga em 1922.

O pior dessa história toda: sabe aquele ditado que diz "é rir pra não chorar"? Pois bem, ele se aplica perfeitamente à essa situação. Hoje em dia, faz-se muita piada em cima do fato de que o povo não sabe cantar os hinos (exceção feita aos hinos de futebol e os das igrejas). Programas exploram isso, fazendo consursos para ver quem sabe cantar pelo menos uma parte deles. Outros, quando questionados por equipes de reportagem, ficam rindo de sua ignorância. E também tem aqueles corajosos o suficiente pra cantar do jeito que sabem (Vanusa...). E, como "desgraça pouca é bobagem", aqueles que sabem cantar algum dos hinos do começo ao fim (modéstia à parte, eu sei o nacional inteiro =D) são vistos com um espanto gigantesco, como se fossem seres fantásticos (ou nerds.). Claro, se gabar disso é até legal, mas não era pra ser assim. Todo mundo deveria saber cantar.

Deve ser por isso que o senador Aluízio Mercadante (PT-SP) está tentando emplacar uma nova lei, que obriga todas as escolas do país a cantar o hino nacional pelo menos uma vez por semana. Espero, sinceramente, que essa lei pegue (e que não aconteça o mesmo que aconteceu com a lei-seca... aliás, que lei é essa mesmo?) rapidamente. Só assim, no futuro, nós, jornalistas, vamos parar as pessoas na rua para cantar o hino no 7 de setembro e elas vão realmente cantá-lo, sem fazer a coisa toda virar uma comédia pastelão! Aliás, espero que essa lei valha para os outros hinos também! Se bem que... pra que tanto hino, né!?

Ah, e pra vocês aí do fundão que não sabem o Hino da Independência, cá está (vê se decora!!):
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,
Já, com garbo varonil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá... temor servil:
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/pais/simbolos_hinos/hinos/Letra_indep/

P.S.: alguém notou a referência no título do post?


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