quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Um olho em 2009 e um pé em 2010!

10...9...8...7...6...5...4...3...2...1... Feliz ano novo!!

O fim do ano chegou e junto com ele aquelas avaliações do que fizemos no ano que se finda e aquelas promessas para o ano que está chegando, sempre na base do "vou começar aquela dieta" ou "vou parar de fumar/beber/ [inclua um vício aqui]. Eu não sou muito de gostar dessas coisas (acho muito mais interessante começar o ano sem esperar nada em especial... se bem que no meu caso é quase assunto de segurança nacional!), mas, como isso é tradição, vou fazer essas avaliações e especulações também, mas no estilo dgp, ou seja, dando uma rápida olhada no que andou acontecendo no fabuloso mundo da comunicação!

Vamos começar pelo mais óbvio: a queda da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. Essa derrubada ocorreu graças ao ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, que, dentre outras "pérolas" ditas durante a leitura da sentença, disse que para ser cozinheiro ou costureiro não era necessário diploma, então por que razão os jornalistas precisariam?! Certo que além de não ter lógica nenhuma, essa decisão fez com que os profissionais e os estudantes de jornalismo se unissem em torno de um objetivo comum: a volta da obrigatoriedade. Para isso, vários atos ocorreram em todo o país, abaixo-assinados correram no site da FENAJ (a Federação Nacional dos Jornalistas) e pessoas demonstraram sua repulsa à essa decisão das mais variadas maneiras (inclusive esse que vos fala). Meses depois dessa polêmica decisão (idiota), o diploma continua dispensável, mas o senado já está se movimentando para torná-lo obrigatório novamente! Torço para que 2010 seja o ano em que nós, jornalistas, profissionais ou estudantes, possamos voltar a crer que a política nesse país, quando quer, funciona. (isso ou um meteoro gigantesco caindo na cabeça do Gilmar Mendes... o que acontecer primeiro)

Outra coisa que também marcou 2009 foi a guerra que ocorreu entre emissoras e institutos de pesquisa. Ataques da Globo para a Record/Igreja Universal, da Record para a Globo, da Record para o SBT, do SBT para a Record e finalmente, da Record para o IBOPE. Para o ano que vem, podemos esperar um outro ataque: do SBT para o IBOPE (a emissora do SS não anda muito feliz com os números do instituto). Tá certo que esses ataques são previsíveis e até certo ponto, interessantes de assistir. O problema vai aparecer de fato quando as emissoras se esquecerem da qualidade e da ética durante essa guerra pela audiência. Se isso acontecer, todos saem perdendo: os telespectadores, por perderem seu tempo vendo esse "show de infantilidade"; e as emissoras, que jogarão sua credibilidade pelo ralo.

Esse ano que termina ficou conhecido também como o ano em que a religião tomou um espaço fora do comum na mídia (leia-se, TV). Esqueça os famosos aluguéis de horários variados nas grades das emissoras. A moda, lançada pelo apóstolo Valdemiro Santiago (o criador do "Trízimo"), agora é arrendar toda a programação de emissoras, como aconteceu com a REDE 21, em São Paulo, e com a TV Alagoas, em Maceió. Essas duas emissoras, com a chegada da igreja Mundial, tiveram suas programações próprias reduzidas a somente algumas horas. Esses arrendamentos levaram a diretoria do SBT (que perdeu a TV Alagoas para a igreja) até o ministro das comunicações, para reclamar pessoalmente disso. Os frutos dessas reclamações começaram a aparecer timidamente, na forma de novas regras para a venda de horários nas emissoras. Para o ano que vem, algumas delas, como a REDE TV! e a BAND, prometem tirar de vez, ou reduzir e colocar no ar mais tarde, os horários vendidos, seja para "infomerciais", seja para as igrejas. Esperamos que isso ocorra de fato (aqui em Maceió só sobraram 2 emissoras grandes na TV aberta: a Record e a Globo).

Mas nem só de "atos duvidosos" viveu a comunicação em 2009. Muitas coisas positivamente interessantes aconteceram, como a dança das cadeiras entre as emissoras: Roberto Justus, (que está muito mal na audiência) Eliana, Richard Hasmussen, Roberto Cabrini, Thiago Santiago, Eleonor Correa e Paulo Franco deixaram a Record e foram para o SBT. Gugu (a contratação mais improvável) e a bióloga Manu Karsten foram do SBT para a Record, ao passo que Marcos Mion, Vitor "Mionzinho" Coelho, Felipe Solari e João Gordo, todos da MTV, também foram para a Barra Funda. Jack Cury, ex- Rede TV!, fez o mesmo caminho. André Vasco saiu da Band e foi para o SBT. Débora Vilalba deixou a Record e foi para a Band. Amanda Françoso saiu da Gazeta de São Paulo e também foi para a Record. Para essa lista não ficar maior, não vou citar os atores que também mudaram. Basta citar que Márcio Garcia, ex-Record-atual-Globo anda muito mal das pernas em sua nova casa. Enfim, esse ano foi uma loucura e ano que vem a coisa promete ser pior, já que algumas emissoras estão com seus canhões apontados para suas concorrentes. E esses canhões, diga-se de passagem, estão cheios do "vil metal"!

Pra encerrar essa retrospectiva "dgpdiana" da comunicação, falta falar sobre esse blog que você está lendo. Como esse é, sem sombra de dúvida, o último post de 2009, já posso falar em números. Durante os 6 meses de existência, foram publicados aqui 60 posts (uma média de 10 por mês... caramba, não achei que chegaria a tanto!). Mas, diferente do início dos tempos (ou seja, julho desse ano), o material postado aqui não se limitou a textos. Teve de tudo, desde posts só com imagens (que se ainda estivessem por aqui fariam o número subir para 62) ou baseados em vídeos (como meus queridos "herrar é umano"), passando para meu favorito: o "dgCAST", que é o podcast do dgp, produzido em parceria com meus caros amigos de jornalismo 2009.1 da UFAL. Até agora só foram produzidas três edições. Duas foram postadas aqui (as gravações #0 e #2 [que foi ao ar como a número 1]). A verdadeira #1 foi sumariamente censurada por nós mesmos (pegamos um pouco pesado demais em alguns assuntos...). Também merecem destaque os incríveis comentários feitos pelos leitores do blog (alguns renderam assunto por semanas e mais semanas!). Até que para um blog despretencioso e quase sem divulgação, o dgp se saiu bem demais! (modéstia à parte... mesmo que os inativos "A cidade e eu" e "Tagarelo" tenham mais acessos... mas isso já é outra história! =D)

Pessoalmente falando agora, 2009 foi um ano muito bom. Mesmo que algumas coisas meio chatas teimassem bastante em aparecer, não tenho do que reclamar! Bom seria se 2010 começasse como terminou 2009: pra cima e com aquela vontade de "de novo, de novo" (como já diriam os Teletubies...). Se, infelizmente, você não pode concordar comigo a respeito do quão legal foi 2009, tente ao máximo fazer com que 2010 seja diferente, para que, ao fim dele, você também possa estar pedindo por mais alguns dias (ou por anos de 13 meses... como queira!). Um novo ano já está aí, e com ele chega o fim do dgp (fevereiro é o mês derradeiro). Se alguma coisa na sua vida precisar "sair pela esquerda" a partir de sexta, fique feliz: se alguma coisa sai, é para outra melhor entrar! Feliz ano novo e fique atento para o que os comunicólogos andam aprontando por aí, pois "eles estão à solta, mas nós estamos correndo atrás"! kkkkkkk

P.S.: se uma das suas promessas para 2010 foi a de encerrar sua vida virtual em favor de uma vida mais, digamos, real, aqui vai uma dica: o site WEB 2.0 SUICIDE MACHINE te ajuda a deletar suas contas (ou, nas palavras do site, se "suicidar" virtualmente) nos principais sites estrangeiros de relacionamento, como o Twitter e o Facebook (sorry, nada de Orkut ainda) em questão de minutos, e sem a necessidade de fazer todo a "operação deleta" manualmente. Segundo alguns dos "suicidas", suas vidas melhoraram 25% depois de utilizarem o serviço (fica a pergunta: como eles conseguiram quantificar isso?!). Também nas palavras do site, se você quer "conhecer seus reais vizinhos de novo" em 2010 e deixar de ser um viciado em redes sociais, esse é seu site! Mas atenção: o processo é irreversível!! [R7]

ATUALIZAÇÃO, 05/01/2010_ Opa, o FACEBOOK não permite mais o suicídio assistido pelo Web Suicide Machine. Segundo comunicado, a "máquina de suicídio virtual" viola alguns dos termos de uso do site, já que ela coleta informações dos usuários, caracterizando "violação de privacidade". Se você quiser se livrar da conta no FACEBOOK, vai ter que usar as ferramentas disponibilizadas pelo próprio site de relacionamento. Porém o serviço ainda vale para o Twitter e o LinkedIn. Outra coisa: de acordo com o site CNet, o suicídio não é 100% garantido, já que nas contas de alguns usuários ainda podia ser visto um grande número de amigos (o serviço se propõe a deletar todos eles). Mas pelo menos uma coisa funciona: no lugar da foto do usuário, é colocada a imagem de uma foca rosa (?!?!?!?!?), símbolo/mascote do site de suicídios virtuais! [R7, de novo!]

P.S.: a imagem que ilustra esse post também pode ser vista no blog dos repórteres da Record! É... tivemos a mesma fonte e nem somos jornalistas no mesmo nível! =D

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Nem Papai Noel aguenta!

O que será que o casal Noel está assistindo?!

Todo fim de ano é a mesma coisa na TV: as emissoras preparam uma tonelada de especiais de seus programas, bolam uns programas novos, temáticos e escalam uns filmes especiais que lembram o natal ou o ano novo, tudo para "tentar confortar" aquelas centenas de pessoas que passam essas datas em casa, em frente à TV, porque não conseguiram se programar, por pura incompetência, para ir a algum lugar comemorar com a família, os amigos ou um bando de estranhos (ou isso, ou essas pessoas não têm amigos...) ou então, as que gostam de assistir TV nessas datas (e que não tem nada melhor pra fazer!)!

Até aí, problema nenhum. O "bicho pega" quando paramos pra analisar o "cardápio", onde vemos que a quantidade de programas é ótima, já a variedade e, principalmenete, a qualidade... quanta diferença!

Quer a prova? Numa emissora temos um cantor que todo ano tem um "especial" e todo ano canta as mesmas músicas. Esse ano ele ganhou um concorrente, aquele empresário que cismou que sabe cantar (e até canta, mas MUITO mal!! E pensar que um dia ele disse que vai ter a mesma voz do Sinatra... sonha, rico!). Também temos um punhado de programas "especiais" de natal e ano novo, além de filmes "especialmente" escolhidos para a ocasião, a famosa Missa do Galo, celebrada pelo papa e transmitida pela Globo, pela Canção Nova, pela Rede Vida, Aparecida (uma muito parecida com a outra...) e uns shows com os artistas do momento cantando (em playback) os seus maiores "sucessos". Agora, pra melhorar, leve em conta o fato de que a maior parte das emissoras tem sua versão para cada um desses programas!

Você reparou que eu escrevi especial entre aspas?! Pois é, nada ali nos especiais de fim de ano merece esse título, por alguns motivos. Primeiro, se é especialmente escolhido, por que todo ano eles repetem a mesma coisa?! Poxa, antes de vir escrever esse texto, eu dei uma olhada na Globo e advinha, estava passando "Meu pai é noel" de novo! Isso sem falar nos filmes sobre a vida de Jesus: parece que cada emissora tem um único filme que se repete todo ano, sempre no mesmo horário (e até me assusta um pouco, pois eu vi na internet que hoje, 25, a Record vai passar um filme das duas da tarde até às oito da noite [longo, hein?!]). Outra coisa que também se repete todo ano são os cantores do tal "Show da Virada", o que nos leva a dois possíveis questionamentos: ou a parada de sucesso já está literalmente parada ou a Globo já não tem mais a quem chamar; e por aí vai...

Coitados dos que, assim como eu, passam essas festas de fim de ano em casa (eu não faço isso em todos os anos, mas em grande parte deles sim). A programação da TV, feita "especialmente" para aqueles "deixados pra trás" é extremamente chata e repetitiva. Não tudo, claro, mas a grande maioria da programação.

Mas, cá entre nós, acho que isso já é feito de propósito. Com uma programação insuportável na TV, a pessoa se sente impelida a sair de casa, nem que seja pra ficar "sentado na porta, vendo o movimento", como minha vó diz e adora fazer. Se bem que, hoje em dia, esse argumento nem é mais válido, já que as novas mídias, como o DVD, o videogame, a internet estão sendo acusadas de roubar a audiência das emissoras, servindo como "escape" para o marasmo do fim de ano na TV aberta. Também há uma outra explicação para esses "programas especiais" serem como são: no fim do ano é comum o share (o número de TVs ligadas) diminuir, graças ao calor, as viagens, etc etc. Por isso, não há grandes investimentos na programação por parte das emissoras, já que o "grosso" da audiência não vai estar presente, entendeu?!

Mesmo assim, ainda tem um ou outro corajoso que se arrisca a por no ar alguma coisa inédita e diferente, tentando fazer com que essa audiência "fujona" volte para a frente da TV. O que a Record está fazendo com "A Fazenda", colocando os famosos confinados no natal e no ano novo e transmitindo programas especiais a partir dela é algo inédito na nossa TV. Extremamente arriscado, já que a outra Fazenda acabou há 3 meses, mas ainda assim, corajoso e, convenhamos, interessante, apesar de chato (e meloso!).

Acho que você deve estar se perguntando "poxa, onde está o espírito de natal desse cidadão?". Bem, sabe que eu não sei?! Só sei de uma coisa: graças à TV, meu espírito natalino deve estar guardado lá no fundo do meu "baú mental", só saindo de lá quando quer... quem sabe isso acontece no ano que vem, quando eu vou estar completamente ligado em outra coisa (que, pra minha tristeza, não vai ser esse blog)?! Mesmo assim, torço para que a tal programação especial das emissoras faça por merecer esse adjetivo! Por enquanto é só o tradicional "arroz com feijão de fim de ano". Aliás, arroz com feijão não... coloque no lugar deles alguma "dupla alimetícia" famosa no natal, tipo, biscoito com leite para o Santa Claus... quem nunca fez isso?!?!? Aliás, se o Papai Noel assistisse a programação especial, o que será que ele diria?! Hum... ho, ho, ho?!

Ah, e antes que eu me esqueça: FELIZ NATAL!!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"Não vou citar nomes..."

Bem... aí o nome não foi esquecido...

Desde que o mundo é mundo, as pessoas adoram saber o que se passa na vida alheia (dos outros... foi mal, não resisti!). Antigamente, as janelas das cidades pequenas eram o lugar certo para ficar sabendo de coisas como "sabia que a fulana traiu o marido com o cicrano?" ou "sabia que o filho do coronel..." (er, melhor deixar esse último pra lá), graças aos serviços de entrega de informações fornecidos por aquelas digníssimas senhoras que, com muito tempo livre, ficavam conversando sobre o que se passava dentro das casas dos seus vizinhos. Ainda hoje é possível encontrar senhoras assim, que estão por dentro de tudo o que acontece na sua rua e sobre você (vá por mim, elas sabem!).

Hoje em dia, com o advento das comunicações e o fascínio que a vida dos famosos exerce sobre alguns, a moda é falar sobre a vida dos ídolos das pessoas. Esqueça o fato de que os famosos aderiram ao Twitter e agora se expõem sozinhos. Ainda existem MUITOS setores da imprensa que se especializaramm em seguir e publicar cada detalhe da vida dos muito famosos, dos meio famosos e dos "famosos?", fazendo a alegria das pessoas que gostam de ler sobre esse tipo de coisa.

Mas vamos esquecer por um momento aqueles argumentos óbvios que defendem a privacidade das pessoas, sejam elas famosas ou não. Aqui nesse post eu quero destacar uma outra coisa que me chamou a atenção: a ética do jornalista. Ela diz (creio eu) que o jornalista deve sempre prezar pela verdade e que, se não for oportuno, ele não deve publicar o nome das pessoas envolvidas em algum fato, digamos, "pessoal demais". Até certo tempo atrás as pessoas respeitavam isso. Só que agora...

Fabíola Reipert, em seu blog no R7, postou uma notícia que fala sobre a chantagem que "certa" apresentadora de TV está sofrendo do ex-marido, que, se não receber R$15 milhões, promete colocar na internet, para quem quiser ver, um vídeo dele com essa apresentadora, fazendo "lesco-lesco" na cama com mais uma pessoa (=O). Até aí tudo bem, pois essa é só uma fofoca normal, onde, para a proteção dos envolvidos, a repórter omitiu seus nomes. O problema está nos comentários que os leitores fizeram dessa notícia...

Coisas como "qual é a graça de dar a fofoca sem citar nomes? #fail" e "perdi meu tempo lendo isto …! Pior que uma fofoca …é uma 1/2 fofoca. Com certeza vc deixou o profissionalismo em casa hj ." e até gente dizendo que ela era uma má profissional por causa disso. Caramba, o que aconteceu com as pessoas?! Elas enlouqueceram?? Agora um jornalista é classificado como ruim se não diz os nomes em uma fofoca???

Muito provavelmente, Fabíola Reipert fez isso por medo de levar um processo ou para não atrapalhar a história (apesar de ser quase possível advinhar dois dos nomes...). Isso foi quase ético demais. O que importa, de fato, é a notícia, já que ela pode levantar várias questões diferentes e levar a um debate relevante sobre alguma coisa. Agora, a falta de privacidade (iniciada, diga-se de passagem, por alguns setores do jornalismo) chegou a um outro nível, onde a credibilidade do jornalista é posta em xeque se não jogar toda a "m#%*@ no ventilador", pra todo mundo ficar sabendo.

É meio complicado um negócio desses. Ainda bem que, para a sorte dos jornalistas (nós!) os famosos estão tomando as rédeas da exposição da vida deles. Assim, não precisamos nos sentir tão atacados quando alguma coisa desse tipo acontecer (e nem na obrigação de falar sobre). No futuro, se a coisa continuar assim, podemos até esperar alguns ataques pessoais se não devassarmos completamente a vida de alguém (e isso não se restringe às fofocas, viu?!?!). Precisamos rever aquela história de "o leitor (e o cliente) tem sempre razão", porque, senão...

domingo, 20 de dezembro de 2009

"A gente somos piratas!"

Download de músicas: o "carro-chefe" da pirataria digital!

A notícia é velha, mas ainda assim preocupante: o Brasil, em 2003, foi incluído na lista negra dos países que pouco faziam para barrar o crescimento da pirataria. Nesta mesma lista está a campeã no quesito "eu copio sim, e daí?!", a China, lugar onde 90% dos cds vendidos são falsificados (de acordo com dados de 2003 da Federação Internacional da Indústria Fonográfica). Não, você não leu errado. De cada 10 discos vendidos na terra de nossos irmãos de olhinhos puxados, 9 são cópias piratas, vendidas por camelôs ou baixadas da internet.

Isso mostra o quão difundida está a cultura de downloads, seja de músicas, softwares, jogos ou seja lá o que for. Eu mesmo, de uns anos pra cá, me tornei um "pirata" de música na internet. De todas as músicas que tenho salvas aqui no meu PC (mais de 4GB), só umas 8 vieram de um CD que a minha irmã comprou ou ganhou (sei lá). O resto veio dos famosos programas de compartilhamento de música, como o meu favorito "Ares" ou o queridinho das multidões, "Emule". Existem também sites especializados nisso, como aqueles de torrent (caso do "Pirate Bay" e do "Mininova", antes de serem pegos pela justiça [droga!]). Provavelmente você já usou um desses meios pra conseguir aquela música de que tanto gosta. Isso se, num ato de loucura extrema ou grande necessidade, você não parou na rua um daqueles barulhentos carrinhos onde são vendidos CDs e DVDs dos mais variados tipos.

Não importa como acontece: a pirataria vem tirando o sono das gravadoras (e da indústria como um todo). Ainda de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, em seu Relatório de Pirataria Comercial, de 2005, 1 em cada 3 CDs vendidos no mundo usa "tapa olho e perna de pau". Essa indústria já movimenta algo em torno de US$ 4,6 bilhões. Esse mesmo relatório diz que a venda de músicas ilegais (naquele famoso CD-R) aumentou 6% na América Latina e que, em 31 países, a venda de CDs ilegais já ultrapassou a venda legal! São dados assustadores, considerando-se o fato de que esses dados falam SOMENTE da pirataria na música.

Mas qual a razão dessa ilegalidade toda? Bem, como usuário de alguns desses métodos "ilegais", posso dizer com convicção: baixar uma música é muito mais prático do que comprar um CD. Por algumas razões. Uma delas é que às vezes você só gostou de uma música específica. Em outros tempos, mesmo gostando de apenas uma música, você era obrigado a comprar o CD inteiro. Um enorme desperdício, não?! Outro motivo, e esse vale para música, filmes, games etc etc, é o preço. Enquanto uma música baixada da internet sai (teoricamente) de graça, um CD custa, digamos, bastante (R$ 80,00 por um CD, R$ 100,00 por um DVD e R$200,00 por um jogo tá bom pra você?). Além de que agora você não precisa sair mais de casa pra comprar esses CDs. Então, não importa o que as gravadoras dizem: a internet é a tal "luz no fim do túnel" para nós menos abastados (até mesmo para aqueles que podem pagar esses preços!). Certo?!

Nem tanto. Essas "vantagens" da ilegalidade são justamente onde se escondem os maiores defeitos e perigos da pirataria. Esqueça a parte de gostar somente de uma música. Isso vai do gosto pessoal de cada um, ainda que, ouvindo o CD inteiro algumas vezes, você pode vir a gostar de uma música ou outra, ou mesmo do álbum inteiro. O problema maior está na parte econômica. As coisas aqui no nosso país são muito caras. Quer um exemplo? Lá vai: Você tem um Wii em casa? Sabia que lá nos EUA ele custa US$ 249,99? Aqui no Brasil, os preços variam entre R$ 899,00 e R$ 1699,00. Usando a cotação do dólar do dia 18/12 desse ano (US$ 1 = R$ 1,78), teríamos que o preço do console aqui deveria ser de R$ 446,66. (e eu nem vou falar do valor dos jogos pra você não ter um treco!). Sabe qual a razão dessa discrepância toda entre os preços? Simples: os impostos. As taxas aqui no nosso país estão entre as mais altas do mundo. Enquanto se cobrarem valores exorbitantes daqueles que produzem todos esses bens culturais (como a música, filmes, jogos) ou não, os valores vão continuar altos, as pessoas vão continuar consumindo a pirataria, e, segundo o site da campanha "Pirataria: Tô Fora", mais tráfico de drogas e mais desemprego vão continuar acontecendo.

Mas aí você me pergunta: só baixar os impostos realmente resolveria o problema? Não exatamente, já que a compra "do que é mais fácil" já está presente na nossa cultura desde muito tempo. Não vai ser algo fácil de resolver. E como os gastos do governo continuam subindo, os impostos continuarão seguindo o mesmo caminho, fazendo com que as despesas dos estúdios, gravadoras (e bla, bla, bla) subam ainda mais. Esses gastos refletem nos produtos finais e "voilá", cá estamos com preços altos de novo, voltando ao círculo vicioso de que falou certa vez um executivo da Microsoft: "um produto é caro por não vender e não vende por ser caro". Ah, detalhe: esse "cenário" que eu construí aqui se refere a coisas produzidas aqui no Brasil. Se formos falar dos importados... bem, é melhor deixar pra lá!

Algumas atitudes já estão sendo tomadas, como a venda de músicas avulsas pela internet (tanto pelas gravadoras como pelos músicos) ou então o download pago de games (caso do Zeebo, console da Tectoy em que os jogos são baixados a partir de R$ 9,99 e não existem em mídia física) e filmes (como na "loja online" da SONY no PS3).

Você reparou que as soluções tomadas pelos figurões da indústria giram em torno da internet, justamente aquela que é sempre "maldita" na boca deles?! E essa deve ser mesmo a salvação da indústria: ver a internet como aliada e não como inimiga, pois, se assim fosse, já teriam dado o "shutdown" nela há muito tempo! Outra coisa: claro que comprar algo original é muito melhor por "N" razões (garantia, confiabilidade, durabilidade, vantagens, etc etc), mas enquanto se praticarem preços que fujam da realidade do brasileiro (basta ver que grande parte da "cultura" vendida não cabe no orçamento da maioria das famílias do país) essa situação dificilmente irá mudar. Vontade do povo não falta (se o povo não gostasse desse "produtos" não comprava nem mesmo os piratas), mas ainda falta aquele "empurrãozinho" que só os grandões podem dar!

P.S.1: se bem que pagar qualquer coisa por uma música quando dá pra ter de graça ainda é estranho (ilegal, mas estranho)... viva os compartilhadores de conteúdo!!

P.S.2: as opiniões aqui apresentadas são de minha responsabilidade e refletem minha maneira de pensar. Tá, de vez em quando eu sou um pouco anárquico, mas, quem não é?!?!

P.S.3: ah, eu sei que não existem CDs de 80 pratas, mas... o exagero aumenta o apelo do post, sacô?!?! =D

Fontes: site da campanha "Pirataria: Tô Fora!", Terra Música, ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Disco, Valor Online, Banco Central do Brasil e Buscapé.