terça-feira, 22 de dezembro de 2009

"Não vou citar nomes..."

Bem... aí o nome não foi esquecido...

Desde que o mundo é mundo, as pessoas adoram saber o que se passa na vida alheia (dos outros... foi mal, não resisti!). Antigamente, as janelas das cidades pequenas eram o lugar certo para ficar sabendo de coisas como "sabia que a fulana traiu o marido com o cicrano?" ou "sabia que o filho do coronel..." (er, melhor deixar esse último pra lá), graças aos serviços de entrega de informações fornecidos por aquelas digníssimas senhoras que, com muito tempo livre, ficavam conversando sobre o que se passava dentro das casas dos seus vizinhos. Ainda hoje é possível encontrar senhoras assim, que estão por dentro de tudo o que acontece na sua rua e sobre você (vá por mim, elas sabem!).

Hoje em dia, com o advento das comunicações e o fascínio que a vida dos famosos exerce sobre alguns, a moda é falar sobre a vida dos ídolos das pessoas. Esqueça o fato de que os famosos aderiram ao Twitter e agora se expõem sozinhos. Ainda existem MUITOS setores da imprensa que se especializaramm em seguir e publicar cada detalhe da vida dos muito famosos, dos meio famosos e dos "famosos?", fazendo a alegria das pessoas que gostam de ler sobre esse tipo de coisa.

Mas vamos esquecer por um momento aqueles argumentos óbvios que defendem a privacidade das pessoas, sejam elas famosas ou não. Aqui nesse post eu quero destacar uma outra coisa que me chamou a atenção: a ética do jornalista. Ela diz (creio eu) que o jornalista deve sempre prezar pela verdade e que, se não for oportuno, ele não deve publicar o nome das pessoas envolvidas em algum fato, digamos, "pessoal demais". Até certo tempo atrás as pessoas respeitavam isso. Só que agora...

Fabíola Reipert, em seu blog no R7, postou uma notícia que fala sobre a chantagem que "certa" apresentadora de TV está sofrendo do ex-marido, que, se não receber R$15 milhões, promete colocar na internet, para quem quiser ver, um vídeo dele com essa apresentadora, fazendo "lesco-lesco" na cama com mais uma pessoa (=O). Até aí tudo bem, pois essa é só uma fofoca normal, onde, para a proteção dos envolvidos, a repórter omitiu seus nomes. O problema está nos comentários que os leitores fizeram dessa notícia...

Coisas como "qual é a graça de dar a fofoca sem citar nomes? #fail" e "perdi meu tempo lendo isto …! Pior que uma fofoca …é uma 1/2 fofoca. Com certeza vc deixou o profissionalismo em casa hj ." e até gente dizendo que ela era uma má profissional por causa disso. Caramba, o que aconteceu com as pessoas?! Elas enlouqueceram?? Agora um jornalista é classificado como ruim se não diz os nomes em uma fofoca???

Muito provavelmente, Fabíola Reipert fez isso por medo de levar um processo ou para não atrapalhar a história (apesar de ser quase possível advinhar dois dos nomes...). Isso foi quase ético demais. O que importa, de fato, é a notícia, já que ela pode levantar várias questões diferentes e levar a um debate relevante sobre alguma coisa. Agora, a falta de privacidade (iniciada, diga-se de passagem, por alguns setores do jornalismo) chegou a um outro nível, onde a credibilidade do jornalista é posta em xeque se não jogar toda a "m#%*@ no ventilador", pra todo mundo ficar sabendo.

É meio complicado um negócio desses. Ainda bem que, para a sorte dos jornalistas (nós!) os famosos estão tomando as rédeas da exposição da vida deles. Assim, não precisamos nos sentir tão atacados quando alguma coisa desse tipo acontecer (e nem na obrigação de falar sobre). No futuro, se a coisa continuar assim, podemos até esperar alguns ataques pessoais se não devassarmos completamente a vida de alguém (e isso não se restringe às fofocas, viu?!?!). Precisamos rever aquela história de "o leitor (e o cliente) tem sempre razão", porque, senão...

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